Católicos e o Sábado
Texto:Pr. Natan Fernandes
Tido como o maior ramo dentro do Cristianismo, a Igreja Católica Romana tem passado por diferentes fases, em vista dos muitos movimentos, ou divisões, produzidas em seu seio. Pode-se dizer que, semelhante ao Protestantismo, se subdivide em várias seitas. Cada Ordem (jesuítas, dominicanos, franciscanos, etc.), na verdade, é como se fosse uma nova Igreja, dentro do todo. Do mesmo modo, os Protestantes (luteranos, batistas, presbiterianos, etc.) são vários segmentos no mesmo conjunto. Mas, uma coisa continua sendo o elo de união entre as diferentes divisões: a doutrina.
Bem, será o caso de refletirmos, agora, sobre a questão da obediência a Deus e ao Seu Livro Santo, as Escrituras Sagradas. O que pensam autoridades católicas sobre a obediência à Lei de Deus, os Dez Mandamentos? Estão em vigor para os cristãos de hoje? Ou foram apenas para os do passado? E sobre o mandamento do sábado, o que dizem?
Todos sabem que a Igreja Católica tem o domingo como dia santo. (Também os Protestantes.) Mas, o que não fica claro, para os fiéis em geral, é o que pensam muitas autoridades da Igreja, sobre esses assuntos. O que encontramos registrado nos Catecismos? Vejamos.
- O Que É a Lei de Deus, O Que É o Decálogo?
O Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, é quem fica responsável por esta resposta. Vejamos o que diz:
"DECÁLOGO. Do grego ‘deka’ = dez + ‘logos’ = razão, sentença. É o conjunto dos Dez Mandamentos da Lei de Deus que, segundo a tradição bíblica, foram comunicados por Jeová a Moisés, no Monte Sinai, insculpidos em pedra, que os israelitas conservaram na Arca da Aliança. Ele é a explicitação mais essencial à lei natural. ... o Decálogo é a síntese mais perfeita de toda a experiência moral e religiosa da humanidade. É o código mais simples e mais fundamental sobre o qual, em última análise, repousam todas as legislações que regulam o comportamento humano." – Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, página 170.
- A Igreja Católica Crê na Permanência da Lei de Deus?
Quem responde a esta pergunta é o Frei Leopoldo Pires Martins, OFM, no Catecismo Romano, páginas 399 e 400. Lemos:
"Dentre as razões que movem o coração do homem a cumprir os preceitos do Decálogo, sobressai, como o mais eficiente, o fato de ser Deus o autor dessa mesma lei. ... Estava essa luz divina quase ofuscada por maus costumes e vícios inveterados entre os homens. Todavia, pela promulgação da Lei de Moisés, Deus não trouxe uma luz nova, mas deu antes maior fulgor à primitiva. É preciso explicar assim, para que o povo não se julgue livre do Decálogo, quando ouve dizer que a Lei de Moisés está abrogada.
"Ainda mais. É absolutamente certo que não devemos cumprir esses preceitos, por ser Moisés que os promulgou, mas por serem inatos em todos os corações, e por terem sido explicados e confirmados por Cristo Nosso Senhor."
Aí está!
Não só a "Santa Madre Igreja" crê que o Decálogo (Dez Mandamentos) estão em vigor, mas incentiva a todos os fiéis para obedecê-los.
Também o Padre Júlio Maria, em seu livro Ataques Protestantes, na página 98, adiciona mais alguma coisa ao que foi lido.
"Os mandamentos, como ensino moral, são eternos porque são a expressão da lei natural; e por isso Jesus Cristo não pode suprimi-los."
- Como e Em Quê Foram Escritos os Dez Mandamentos?
Outra vez, a contribuição do Pe. Júlio Maria, no mesmo livro, às páginas 86 e 95:
"Deus escreveu os mandamentos em duas pedras como no-lo indica a Bíblia. ... Na primeira pedra estavam escritos os mandamentos que indicam os nossos deveres para com Deus... e na segunda, estavam escritos os nossos deveres para com os homens. ... Os mandamentos da lei de Deus encontram-se no Êxodo e no Deuteronômio (5:6-21)."
Muito esclarecedor este texto acima! a) Deus escreveu em tábuas de pedra, os Dez Mandamentos; b) A primeira tábua tem os deveres do homem para com Deus; isto é, o "amar a Deus sobre todas as coisas"; c) A segunda tábua tem os deveres do homem para com o homem; isto é, "amar o próximo como a si mesmo"; d) Os Dez Mandamentos se encontram, nas Sagradas Escrituras, nos livros de Êxodo (capítulo 20) e de Deuteronômio (capítulo 5).
- Devemos Obedecer aos Mandamentos da Lei de Deus?
A resposta a esta questão nós vamos encontrar no Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã, páginas 33 e 34, que diz o seguinte:
"Sim. Somos obrigados a observar os mandamentos da lei de Deus, pois devemos respeitar a ordem que o Pai Celeste quis dar ao mundo. Basta pecar gravemente contra um só deles para merecermos o inferno."
- Existe Lei Moral e Lei Cerimonial, nas Escrituras?
Às vezes, encontramos, nas Escrituras Sagradas, algumas afirmações que parecem se contradizer. Uma hora ela fala que a lei é eterna e não pode ser abolida; outra hora, que a lei passou. A que se deve essa aparente confusão? Vamos, outra vez, atentar para o que escreveu o Pe. Júlio Maria, esclarecendo o problema:
- Os preceitos do Antigo Testamento dividem-se em três gêneros:
- Os preceitos morais, que prescrevem aos homens os seus deveres para com Deus e para com o próximo.
- Os preceitos cerimoniais, que indicam os ritos exteriores e as cerimônias que os judeus deviam seguir no culto divino.
- Os preceitos judiciais, que determinam o modo de administrar a justiça ao povo.
"Destes três gêneros de preceitos, só o primeiro fica em pé, integralmente; os outros preceitos só têm o valor que lhes comunica a palavra de Jesus Cristo.
"A lei antiga, na sua parte cerimonial, era apenas uma figura da nova lei, e é por isto que cessou, desde que foi promulgada a lei nova." – Ataques Protestantes, páginas 96 e 97.
Outra vez mais, bons esclarecimentos! Os preceitos MORAIS permanecem; os CERIMONIAIS, eram uma figura, "sombra dos bens futuros", e foram substituídos pela Realidade: Cristo (Colossenses 2:16 e 17); e os JUDICIAIS, só existiram enquanto havia a nação de Israel como uma teocracia (governada por Deus)! E os mandamentos MORAIS tratam do amor a Deus e do amor ao próximo. Portanto, dos Dez Mandamentos!
- A Quem Foram Dados os Dez Mandamentos?
Muitas pessoas pensam que o Decálogo foi dado apenas ao povo de Israel, lá no Monte Sinai, e que não serve mais para o povo de Deus, na atualidade. O que podemos pensar disso? Quem vai responder isso é o famoso Dicionário Enciclopédico da Bíblia, organizado pelo Dr. A. Van Den Born, e publicado pela Editora Vozes Ltda. (católica).
Ele diz:
"O dom da lei de Deus, porém, e particularmente o do decálogo não era destinado apenas para o Israel segundo a carne, mas também para o ‘novo Israel’, que é a Igreja de Cristo. Por isso o decálogo é várias vezes citado no Novo Testamento por Jesus e pelos apóstolos." – Coluna 363.
- E Sobre o Mandamento do Sábado, o Que Nos Ensina?
Outra vez, convidamos o Frei Leopoldo Pires Martins, OFM, para responder.
"Este Preceito do Decálogo regula o culto externo, que devemos a Deus. ... Ora, como esse dever não pode ser facilmente cumprido, enquanto nos deixamos absorver por negócios e interesses humanos, foi marcado um tempo fixo, para que se possam comodamente satisfazer as obrigações do culto externo. ...
"O quanto aproveita aos fiéis respeitar este Preceito, transparece do fato de que sua exata observância induz, mais facilmente, os fiéis a guardarem os outros Preceitos do Decálogo." – Catecismo Romano, páginas 434 e 435.
Frei Leopoldo responde, com muita propriedade, que o mandamento do sábado rege o culto, e que os fiéis tornam-se mais fiéis a Deus, quando praticam esse mandamento específico.
- O Nosso Senhor Jesus Cristo Guardava o Sábado?
Do conhecido Dicionário Bíblico, de John L. Mckenzie, publicado pelas Edições Paulinas (católica), extraímos a seguinte nota:
"O próprio Jesus guardava o sábado de modo razoável e ocasionalmente ensinava nas sinagogas no sábado (Mar. 6:2; Luc. 4:16,31)." – Página 810.
- O Nosso Senhor Violou ou Transgrediu o Mandamento do Sábado, Conforme Se Ouve Freqüentemente?
Esta tem sido uma idéia que se espalhou por todo o mundo. Inclusive, líderes religiosos têm se levantado, dos púlpitos de suas igrejas, escrito livros, folhetos e panfletos, afirmando, categoricamente, que o Nosso Senhor Jesus Cristo transgrediu o mandamento do sábado. Até onde isso é verdade?
Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica, na página 495:
"O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca profana a santidade desse dia. (Cf. Mar. 1:21; João 9:16). Dá-nos com autoridade a sua autêntica interpretação".
Do que vimos, mesmo sendo acusado, pelos ESCRIBAS e FARISEUS da Sua época, e por alguns RELIGIOSOS modernos, o Catecismo assegura que "JESUS NUNCA PROFANA A SANTIDADE DESSE DIA"!
- Contra O Quê Jesus Se Levantou Com Relação ao Mandamento do Sábado da Lei de Deus (Decálogo)?
Antes de tudo, é necessário haver um prévio esclarecimento do que aconteceu com o mandamento da lei de Deus. Daí, vamos poder compreender quais as atitudes de Cristo relativo ao sábado.
Do Dicionário de Teologia, editado por Heinrich Fries, publicado pelas Edições Loyola (católica), nós encontramos isto:
"Os escritos apócrifos e sobretudo os rabínicos apresentam uma interpretação exageradamente severa do descanso do sábado, perdendo-se um uma casuística sutilíssima e transformando o ‘sábado maravilhoso’(Isa. 58:13) num peso insuportável. ... Jesus opôs energicamente às interpretações extremamente escrupulosas dos escribas e fariseus, e mais de uma vez provocou propositalmente discussões sobre este ponto (Mat. 12:10-14; Luc. 13:10-17; 14:1-6; João 5:8-18).
Jesus considerava o mandamento do sábado com grande liberdade interior, e recusava resolutamente aquela rigorosa observância que escribas e fariseus exigiam." – Volume 3, páginas 134 e 115.
Ainda mais uma contribuição de John L. Mckenzie, no seu Dicionário Bíblico, nos reforça a compreensão desse assunto. Ele registrou:
"Sem rejeitar a observância do sábado no seu conjunto, Jesus salienta que as práticas rabínicas eram meras interpretações humanas do preceito, que é basicamente para o bem humano." – Página 811.
- O Que Profana o Mandamento do Sábado?
"O sábado era um dia sagrado, que seria profanado pelo trabalho (Eze. 22:18). Conforme Êxodo 20:8-11 e 31:17 (mais um passo adiante) a santidade do sábado era uma santidade objetiva, devido à bênção de Deus, que no 7o. dia ’descansou’ da Sua obra, a criação, pensamento esse que foi largamente elaborado em Gên. 1:1-2:4a". – Dicionário Enciclopédico da Bíblia, coluna 1340.
Outra contribuição bastante proveitosa de John Mckenzie:
"O sábado é profanado pelo exercício do comércio, e Neemias fechava os portões de Jerusalém no sábado para impedir o comércio (Nee. 13:15-22). Carregar cargas viola o sábado (Jer. 17:21-27...)." – Dicionário Bíblico, página 810.
OS DEZ MANDAMENTOS conforme se encontram nas Sagradas Escrituras, em Êxodo 20:3-17.
-
Não terás outros deuses diante de mim.
-
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima, nos céus, nem embaixo, na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te inclinarás diante desses deuses e não os servirás, porque eu, Iahweh, teu Deus, sou um Deus ciumento, que vingo a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e faço misericórdia até mil gerações para aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
-
Não pronunciarás o nome de Iahweh, teu Deus, em vão, porque Iahweh não deixará impune aquele que pronunciar o seu nome em vão.
-
Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias, e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado de Iahweh, teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está nas tuas portas. Porque em seis dias Iahweh fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm, mas repousou no sétimo dia; por isso Iahweh abençoou o dia de sábado e o santificou.
-
Honra a teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que Iahweh, teu Deus, te dá.
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Não matarás.
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Não cometerás adultério.
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Não furtarás.
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Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
-
Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem desejarás a sua mulher, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo.
(O texto acima foi transcrito de A Bíblia de Jerusalém, uma tradução católica da Bíblia Sagrada, impressa pelas Edições Paulinas).
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